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    JERUSALÉM         ירושלים

        Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita. Que se cole minha língua ao palato, se não me lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria." (Salmos 137:5-6)

Cidade Santa

Jerusalém. O próprio nome reflete a importância desta cidade. Yerushalaim para os judeus, Al-Quds para os muçulmanos e Hierusalem (em latim) para os cristãos. Em hebraico, seu nome significa Cidade da Paz, em árabe A Santidade.

Estas religiões, as três maiores monoteístas, consideram Jerusalém sagrada por diversos motivos. Foi lá que Jesus, tido como o Messias pelo cristianismo, teria vivido os episódios mais importantes de sua vida e sido crucificado. É lá que está a Igreja do Santo Sepulcro, sagrada para os cristãos. O islã acredita que foi do local onde seria construído o Domo do Rochedo que Maomé subiu aos céus; Jerusalém é a terceira cidade mais sagrada do islamismo.

            Jerusalém é a capital do povo judeu. Política e espiritualmente. Seu rei celebrara uma união com o patriarca Abraão. David fez dela sua capital. Salomão construiu nela o Beit HaMikdash (Templo Sagrado). É para esta cidade que dirigimos nossas rezas, ela é o centro do Sionismo, cujo nome vem de um dos nomes de Jerusalém – Sião (Tzion). A partir de Jerusalém floresceu a sociedade israeli quando se iniciavam as aliot. Três mil anos de história conectam-na com o povo judeu.

   Judaísmo

              Citada inúmeras vezes no Tanach, Jerusalém é o foco do judaísmo. Dentro da Terra Santa, é a Cidade Santa. Está lá o Muro das Lamentações, o que sobrou dos muros do jardim do Segundo Templo, construído pelos judeus que voltaram da Babilônia e reformado por Herodes. Foi no Monte do Templo que Abraão ofereceu Isaac em sacrifício (o Monte Moriah).

             A tradição judaica afirma que o Messias entrará em Jerusalém e abrirá as portas do Portão Dourado (elas estão sempre fechadas). A festa de Chanukah comemora a reconsagração do Templo após sua profanação por Antíoco IV, no episódio da Revolta dos Macabeus.

            Durante o tempo do Cativeiro da Babilônia, foram criadas as sinagogas, para suprir a falta do Templo Sagrado. Os judeus rezavam, então, e rezam, até hoje, voltados para Jerusalém.

            Jerusalém sempre foi o centro do povo judeu, mesmo com as divisões entre ashkenazim, sefaradim, teimanim, etc. Ela foi escolhida pelo rei David capital para que as 12 tribos se unificassem e se tornassem uma nação. Por isso a escolha de uma cidade que não pertencia a nenhuma das tribos e ficava no centro do território. A colocação da arca da aliança na cidade também serviria ao propósito de unir as tribos.

Não é à toa que Achad HaAm propôs que Yerushalaim fosse o centro de seu Sionismo Cultural, de onde a cultura judaica seria irradiada para o mundo e, assim, tanto a Diáspora quanto a Terra de Israel se sustentariam.

Geografia

            Jerusalém se localiza no centro de Israel, em seu próprio distrito. Mais exatamente, a 31°46′45″N, 35°13′25″L. Descansa sobre o Planalto Central da Palestina, a uma altitude de 760 metros. Disto vem o conceito Aliá. Aliá significa subida, pois para chegar a Jerusalém é necessário subir este monte. A temperatura média é de 24ºC em Agosto (verão) e 10ºC em Janeiro (inverno). Não é raro nevar no inverno, mas em alguns anos isto não ocorre. Assim como nós conhecemos o Minuano, a população de Jerusalém conhece o Sharav, um vento seco e quente que sopra na primavera e no outono. 

Sua população é de 724.000 pessoas (65% judeus, 32% muçulmanos, 2% cristãos), dispersas sobre uma área de 123km². O atual prefeito chama-se Uri Lupolianski e é o primeiro Haredi (ultra-ortodoxo) a ocupar este cargo. Existe, também, um conselho de 31 membros, eleitos por um período de 4 anos, que governa a cidade.

 A cidade expandiu-se para fora das muralhas em 1860, com a construção do bairro Mishkenot Sha’ananim, com a ajuda de Moses Montefiore. Um dos bairros mais importantes da cidade é o Mea Shearim, estabelecido em 1874. Quase 100% dos habitantes deste bairro são judeus ortodoxos. Ele é fechado no Shabat, para que os carros não o atravessem, o que seria uma violação das leis do Shabat, segundo eles.

No Har(Monte) Herzl, encontra-se o cemitério nacional israelense. Ali estão enterrados líderes sionistas, como Herzl e Jabotinsky, primeiros ministros, como Golda Meir e presidentes. Existe, numa área próxima, um cemitério militar muito famoso. Ainda nestas imediações, encontra-se o Yad Vashem, o Museu do Holocausto, o memorial oficial do Estado de Israel para as vítimas do Holocausto. Ele contém um imenso acervo de imagens, fotos, vídeos, nomes, obras de arte e outras coisas que recuperam a história dos que sofreram com a Shoá. O Yad Vashem concede o título de “Justo entre as Nações” para os não-judeus que se arriscaram para ajudar os judeus durante o Holocausto, como Oskar Schindler. Estes três locais formam o Har Hazikaron (Monte da Lembrança).

Jerusalém é um importante centro comercial. A Rua Ben Yehuda, em homenagem ao pensador sionista de mesmo nome, é o centro da vida econômica da cidade.

A Universidade Hebraica de Jerusalém, fundada em 1918 e aberta em 1925, se localiza no Monte Scopus (Har HaTzofim). Além deste campus existem mais três: Rehovot, Ein Kerem e Givat Ram. A Universidade Hebraica foi fundada por Sigmund Freud, Chaim Weizmann, Martin Buber e Albert Einstein, este último tendo dado a primeira lição, em 1923. Ela é reconhecida internacionalmente e faz parte do grupo das cem melhores universidades do mundo.

 O centro religioso da cidade é, obviamente, a Cidade Velha. Seu estilo de construção é oriental, composto por um emaranhado de lojinhas e ruelas que convivem com pontos históricos e sacros. Cercada por muralhas (as atuais foram construídas pelo Sultão Suleiman, o Magnífico entre 1535 e 1538). Na muralha, existem 8 portões: de Jaffa, de Damasco, Dourado, de Herodes, de Dung, de Sião, Novo e dos Leões. Por este último, os pára-quedistas das Forças de Defesa de Israel entraram na Cidade Velha, durante a Guerra dos Seis Dias. 

            A Cidade Velha divide-se em quatro bairros: Cristão, Muçulmano, Judeu e Armênio. A divisão não é rigorosa e existem, por exemplo, sinagogas no bairro cristão e igrejas no bairro Muçulmano. O bairro muçulmano é o mais populoso e também o maior. O bairro judeu tem cerca de 5.000 habitantes. Apesar de os armênios também serem cristãos, por razões históricas os dois bairro são separados.

            A mais importante edificação contida nesta área de aproximadamente 1km² é, certamente, o Kotel HaMaraví (Muro das Lamentações). Estas pedras são a única parte restante do antigo Beit HaMikdash (Templo Sagrado). Quando Tito, comandando o exército romano, conquista Jerusalém, durante a revolta contra Floro, em 70 E.C, ele manda destruir o  Templo (o segundo Templo), deixando de pé apenas um dos muros dos jardins externos, para lembrar os judeus da humilhação que sofreram. Localiza-se na divisa entre o bairro judeu e a Esplanada das Mesquitas (que era o Monte do Templo). É uma tradição muito comum ir ao muro e colocar, em suas pedras, papéis contendo desejos. Outra tradição comum é fazer Bar-Mitzvah no Kotel. A área de visitação é dividida entre homens e mulheres, como ordena o judaísmo ortodoxo.

                          O Templo

             Depois de ter conquistado Jerusalém aos jebusitas, no início de seu reinado, em aproximadamente 1000 A.E.C, e ter transformado-a em sua capital, David queria erguer um Templo para D’eus, onde pudesse guardar a arca da aliança, mas este não permitiu que fosse este rei o construtor, pois era um homem de muitas guerras. Seu filho preferido, Salomão, foi o realizador desta tarefa. Durante sete anos grande parte do tesouro real foi empregada na construção do Templo Sagrado. Foi a obra mais importante de todo o reinado de Shlomo.

            Quando Senaqueribe sitiou a cidade, em 701 A.E.C, por muito pouco ela não foi destruída. Provavelmente uma peste atingiu o exército assírio, pois este teve de marchar de volta para casa. Em 586 A.E.C, no entanto, a ameaça se concretizou. Nabucodonosor, punindo o reino de Judá por descumprir uma aliança, invadiu Jerusalém e destruiu o Beit HaMikdash. Os judeus foram levados para Babel como cativos.

            Quando os Persas, sob comando de Ciro, conquistaram o império babilônico, em 537 A.E.C, os judeus puderam voltar para Eretz Israel. Vários judeus voltaram para Tzion e se empenharam na reconstrução da cidade. O Templo ficou pronto em 516 A.E.C, apesar de ser muito mais modesto do que aquele que Salomão havia erguido. Após isto, dois homens se destacaram durante este período. Esdras e Neemias. Eram educadores e líderes da cidade, cada um a seu tempo. Seu trabalho foi muito importante para a comunidade da época.           

A profanação do Templo por Antíoco IV, em 167 A.E.C, desencadeou a revolta dos Macabeus que conseguiu restaurar a independência de Jerusalém. 

Herodes, rei da Judéia (dominada pelos romanos), empreendeu uma extensa remodelação do Templo, ampliando e embelezando a construção, por volta dos primeiros anos da Era Comum. Pouco depois ele foi destruído por Tito. Recordamos isto em Tishá be Av, data da destruição pelo calendário judaico.       

            Em 132 E.C, estourou a revolta de Bar-Cochba. O imperador romano Adriano havia prometido devolver Jerusalém para os judeus e reconstruir o Templo, mas mudou de idéia e decidiu renomear a cidade para Aelia Capitolina e erguer um templo para o deus romano Júpiter, do qual era sumo-sacerdote. A revolta termina três anos depois, os judeus são dispersos e as esperanças de reconstruir o Templo desaparecem.

O Retorno

Jerusalém viveu muitas disputas. Não foi diferente ao longo dos quase dois mil anos durante os quais os judeus estiveram dispersos pelo mundo. O mais importante foi que, entre os séculos II e XI E.C, foi dominada por bizantinos, persas e muçulmanos, até ser conquistada pelos Cruzados, em 1099. O Sultão Saladino a retoma em 1187. Mais tarde, em 1517, o Império Turco-Otomano conquista Jerusalém.

 No século XIX reiniciam-se imigrações judaicas para Jerusalém, até que, em 1850, 50% da população é judaica e uma maioria é atingida pouco depois. Neste momento, a Cidade Velha divide-se nos quatro bairros que existem até hoje. Ocorre também a expansão da cidade para fora das muralhas, a partir de 1860, com a criação do Bairro Mishkenot Sha’ananim.

Os ingleses, durante a 1ª Guerra Mundial, sob comando do General Allenby, tomam para si a Palestina e, com aval da Liga das Nações (precursora da ONU), instituem ali o Mandato Britânico, com capital em Jerusalém. Os escritórios da administração britânica ficavam no Hotel King David, que sofreu um atentado a bomba por parte do grupo paramilitar judeu Irgun, que lutava pela independência de Israel.

 O retorno a Sião só se completa em 1948, com a criação do Estado de Israel.

Jerusalém Dividida

             Quando o Plano de Partilha da Palestina foi aprovado pela ONU (1947), estava prevista a transformação da cidade de Jerusalém em um “corpus separatum” – uma entidade política que não faria parte de nenhum dos dois estados a serem criados e que seria administrada pelas Nações Unidas.

            Isto nunca se concretizou. Israel declarou sua Independência em 14 de maio de 1948 (5 de Iyar de 5708, segundo o calendário judaico) e, no dia seguinte, foi atacada por forças de 5 países árabes. Quando a guerra terminou e um armistício foi negociado, em 1949, Israel havia anexado a parte Ocidental de Jerusalém e a Transjordânia a parte Oriental.

            Em 1950, a sede do governo foi transferida para Jerusalém (O Knesset já estava lá desde 1949 e se reunia em hotéis, cinemas, museus. O edifício atual foi inaugurado no ano de 1966. Antes ficava junto dos outros órgãos governamentais.) onde permanece até hoje e o Estado de Israel declarou a cidade de David sua capital eterna.

            Durante os dezenove anos que se passaram até que a cidade fosse reunificada, a parte Oriental, que continha a Cidade Velha, foi muito prejudicada pelo governo jordaniano. Judeus e cristãos tiveram sua liberdade de culto restrita ou anulada, sendo impedidos de visitar seus locais santos. Lugares santos foram desrespeitados. O Kotel, por exemplo, transformou-se num depósito de lixo e sobre o cemitério do Monte das Oliveiras foi construída uma estrada, destruindo vários caixões. Para que os cristãos visitassem Belém, havia uma restrição quanto ao número de pessoas que poderiam realmente ir até lá.

            Em 1967, ocorreu a Guerra dos Seis dias. Israel foi atacada e parecia prestes a ser derrotada. No entanto, uma espetacular vitória militar foi obtida. Nestas batalhas, Israel conquista vários territórios, mas o mais importante é Jerusalém Oriental.

Em 1980, o Knesset (Parlamento) aprova uma lei declarando que Jerusalém é a capital eterna e indivisível de Israel.

Capital Solitária

             Jerusalém é a capital de Israel. Alguns países se opõem a esta decisão do governo israeli e não a reconhecem como tal. Concretamente, o reflexo disto é que a maioria dos países tem embaixadas em Tel-Aviv, como recomendado pelas Nações Unidas após o Knesset aprovar a lei que declarava Jerusaléml a capital eterna e indivisível de Israel e, também, porque poucos países aceitam a anexação da parte Oriental de Jerusalém. A maior parte das embaixadas já se localizava, no entanto, em Tel-Aviv.                                                      

A Inglaterra, por exemplo, não reconhece a anexação de Jerusalém em 1948 e mantém apenas um consulado na cidade, que não se relaciona com o governo de Israel. A Bolívia e o Paraguai mantêm suas representações em um subúrbio de Jerusalém – Mevasseret Zion. Costa Rica e El Salvador eram os únicos países que tinham embaixadas em Jerusalém. No entanto, em 16 de Agosto de 2006, o presidente da Costa Rica declarou sua intenção de transferi-la para Tel-Aviv. O de El Salvador fez o mesmo nove dias depois.

Jerusalém Hoje 

             Existe uma lei, atualmente, em Jerusalém, que diz que qualquer prédio que for construído na cidade deve ser construído (pelo menos sua fachada) com uma pedra especial que se encontra em Jerusalém. Esta pedra, de coloração branca, reflete a luz do sol em determinados momentos, fazendo com que a cidade adquira uma coloração dourada. Daí a expressão Yerushalaim shel Zachav (Jerusalém de Ouro).

             A população de Jerusalém é um pouco menos rica que a de cidades como Haifa e Tel-Aviv e existe um número considerável de pessoas pobres. É a cidade com o maior número de judeus ortodoxos e com uma grande população árabe. Nestes dois grupos, é comum que apenas o pai da família trabalhe. Os judeus ortodoxos recebem uma pensão anual do governo para ajudá-los a sustentar-se economicamente.

             Até alguns anos atrás existiam conflitos entre os judeus ortodoxos e os que não são tão rigorosos em sua prática. O grande problema era quando algum judeu não-ortodoxo passava de carro no Shabat pelo Mea Shearim. Os ortodoxos consideravam isto uma ofensa (é proibido dirigir no Shabat, pois viola a lei que impede de trabalhar) e não raro atiravam pedras nos carros.

 Jerusalém sobrevive, principalmente, de três atividades. O turismo e o comércio, fortemente interligados. É uma cidade muito visitada, especialmente por adeptos das três grandes religiões monoteístas. Existe uma forte área de prestação de serviços: profissionais liberais (psicólogos, dentistas, médicos, etc.), construção civil, entre outros. O último ramo, que vem se desenvolvendo, é o da tecnologia. Israel é um país que exporta muita tecnologia e que consome muita também. Os centros disto são o Instituto Technion, em Haifa, e o Instituto Weizmann, perto de Tel-Aviv, mas Jerusalém também tem sua participação. Apesar de a maioria dos jornais israelenses terem suas sedes em Tel-Aviv, o Jerusalém Post, publicado em inglês, é sediado na capital de Israel. Para não alterar muito o aspecto da cidade, as indústrias são desencorajadas.

 Os esportes preferidos pela população são o basquete e o futebol. No futebol, destacam-se dois clubes: Beitar Yerushalaim e Hapoel Yerushalaim. Jogam pela primeira e segunda divisões, respectivamente. Um ponto muito famoso da cidade é o estádio Teddy Kollek, que homenageia o homem que foi prefeito de Jerusalém por quase 30 anos.

Jerusalém é uma cidade próspera, importante em todos os setores da vida israelense, seu emblema simboliza através das oliveiras a paz, através do muro sua santidade e através do leão um de seus nomes, Ariel (Leão de Deus).

                                                           Imagem relacionada Kotel ao vivo  -  counter free

           “Por três mil anos, Jerusalém tem sido o centro da esperança e dos anseios judaicos. Nenhuma outra cidade desempenhou papel tão dominante na história, cultura, religião e consciência de um povo quanto Jerusalém desempenhou na vida dos judeus e do judaísmo. Através de séculos de exílio, Jerusalém permaneceu viva nos corações dos judeus em todos os lugares como o ponto focal da história judaica, o símbolo da glória passada, de plenitude espiritual e de renovação moderna. Este coração e alma do povo judeu engendra o pensamento de que se você quiser uma única palavra para simbolizar toda a história judaica, essa palavra seria ‘Jerusalém’”

— Teddy Kollek, ex-prefeito de Jerusalém  -  Bashaná Abaá Be Yerushalaim! Chazak Vê Alê!  CHAZIT HANOAR 2006 – ISSO È VIVER!